sábado, 5 de abril de 2014

Saiba como manter seu pasto mais produtivo no outono


Nesta semana, uma publicação da Embrapa destacou sobre as práticas para garantir um pasto de boa qualidade e um bom desempenho dos animais no outono. O segredo está no manejo adequado da pastagem. Para cada período do ano, o produtor deve adotar uma estratégia de manejo que venha garantir uma pastagem produtiva o ano todo. A tendência com a chegada do outono é a diminuição das chuvas e também do crescimento dos pastos.

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– Geralmente no outono o capim cresce a metade do que no verão – afirma a especialista em pastagem Valéria Pacheco Euclides, que acredita em algumas estratégias para manter os pastos produtivos.

O produtor deve sempre ficar atento às mudanças climáticas, às recomendações da pesquisa, às tecnologias e tomar algumas decisões na propriedade visando manter uma boa produção e bons rendimentos.
 
Segundo a Embrapa Gado de Gorte, a primeira recomendação no outono em relação às pastagens para que elas se mantenham produtivas é diminuir a carga animal da pastagem e para isso, o produtor deve escolher quais animais retirar do pasto. Os bois que atingiram o peso de abate, em torno de 15 arrobas, devem ser vendidos e as vacas que não emprenharam, da mesma forma. A única saída para os animais que estão próximos ao peso de abate é entrar com uma suplementação alimentar até que eles atinjam o peso ideal.
 
A pesquisadora sugere oferecer diariamente uma mistura de concentrados equivalente a 1% do peso vivo. Ela elaborou duas fórmulas que podem ser utilizadas para um ganho esperado de 600 a 800 gramas por cabeça por dia:
 
Fórmula 1Ingrediente                         Quantidade (kg) Farelo de Soja 45%            97,3
Ureia                                     6,7
Milho grão seco                   380
Foscromo                             16
Total                                       500
Fórmula 2Ingrediente                         Quantidade (kg)
Casca de soja                      235,1
Areia                                     16,5
Milho grão seco1                 232,4
Foscromo                             16
Total                                       500
 
suplemento é servido dentro da própria pastagem. Com isso, os bovinos comem menos pasto e sobra mais forragem para a seca.
 
Quanto ao número de animais por hectare que uma pastagem suporta, seja no verão ou no outono, depende da forrageira. Os capins mombaça e tanzânia, adubados com 300 quilos de ureia por hectare, por exemplo, suportam 6 unidades animal (UA = 450 quilos) no verão, já nesta época, a carga deve diminuir para 3 UA. O mesmo não acontece com as braquiárias, que suportam entre 2,5 UA no verão e 1 UA no inverno. Isso acontece porque as braquiárias, geralmente, são utilizadas de maneira menos intensivas.
 
A altura do capim para entrada e saída de animais também conta e varia de acordo com a cultivar. Para o mombaça, a altura de entrada é de 90 centímetros e a saída, de 45 cm; para o tanzânia, 70 cm e 35 cm. Já para a maioria das braquiárias, a altura de entrada é de 30 cm e a saída de 15 cm – isso no caso do pastejo rotacionado. No pastejo contínuo, as  braquiárias devem ser mantidas com 30 cm de altura durante o ano todo.
 
A pesquisadora alerta para um erro comum dos produtores nesta época do ano: o número de animais pesados na pastagem.

– Se deixar animais com 15 arrobas ou mais no pasto, a área estará sujeita a se degradar – destaca Valéria.

Ela recomenda aliviar o pasto no outono para uma maior oferta de forragem de boa qualidade na época da estiagem, principalmente para os animais que precisam ganhar ou mesmo manter o peso. Um pasto preservado e bem manejado pode garantir aos animais a manutenção do peso ou alguns quilos a mais na seca, entre 100 e 300 gramas por dia.
 
Como as chuvas se prolongaram este ano, ainda dá tempo para reservar pasto pensando em usar na seca, aponta Valéria, "mas tem que correr, porque esta situação é por poucos dias", avisa. 

Adubação e vedação
A primeira ação, segundo a pesquisadora, deve ser a adubação do pasto com 100 quilos de ureia por hectare, isso irá promover maior acúmulo de forragem. O passo seguinte é vedar os pastos, não deixando animais nas áreas. A vedação é indicada para braquiárias, tiftons, capins estrela e massai. Deve-se evitar a decumbens em áreas com histórico de ataque de cigarrinha, alerta a pesquisadora. Quem vedar nestes próximos dias, pode obter um acúmulo de 3 a 4 toneladas de forragem por hectare, e quem vedou em fevereiro e março, pode esperar um acúmulo de forragem entre 5 e 7 toneladas por hectare.
 
São quatro opções de manejo neste início de outono: poupar o pasto descartando animais; suplementar aqueles que ainda não atingiram o peso de abate; vedar pasto para utilização na período seco; quem colheu soja por estes dias deve plantar o sorgo com braquiária (piatã ou paiaguás) e daqui 60 dias obter uma forragem de boa qualidade e, ainda, vedar em maio e junho os pastos consorciados com estilosantes.
 
A técnica de vedação, diferimento ou feno-em-pé, como são chamadas, é rentável, de baixo custo, de fácil adoção e recomendada em sistemas de produção com taxa média de lotação (em torno de 2,5 UA por hectare), taxa atingida quando as pastagens são bem manejadas, tanto nas águas como na seca. Nesse caso, o custo é menor do que as outras opções de conservação, como a silagem e a fenação, que envolvem o uso de máquinas e mão-de-obra, enquanto que na vedação, quem colhe a forragem na seca são os animais. 

– A vedação é mais barata porque os outros processos, como o feno, por exemplo, exigem corte da forragem, secagem, enfardamento e armazenamento para depois distribuir aos animais – esclarece Valéria.

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